
arte na pele
tatuagem
A arte de marcar o corpo é uma das práticas mais antigas da civilização. Seus primeiros vestígios foram encontrados em múmias do período entre 2000 e 4000 a.C., acredita-se que seu surgimento se deu de maneira independente em diversas partes do mundo com diferentes intenções e diversas técnicas.
"Na Idade Média, a tatuagem era considerada um misto de bandeira, atestado de nascimento, carteira de identidade, certificado de alistamento militar, medalha de honra ao mérito, vestimenta, aliança de casamento, joia, amuleto, superstição, remédio, sinal de luto ou biografia."
(MARQUES, 1997 p. 40)
Posteriormente a tatuagem foi associada à marginalidade e se tornou algo fora da lei, sendo com frequência associada a pessoas apartadas do resto do mundo. Na França no início do século XX as tatuagens compunham o visual de delinquentes juvenis e membros de gangs. Era o símbolo de seus espíritos desordeiros.
Esse estigma carregado de conceitos concebidos através de seu uso, vem sendo adaptado à atualidade e a uma nova perspectiva: o uso estético, a arte e suas diversas manifestações, trazendo para a tatuagem uma notável ascensão social e vivendo hoje seu momento de maior glória.

old school
sailor jerry e o

Um dos maiores exemplos de tatuadores é Sailor Jerry Collins (1911-1973), ex-marinheiro, cujas tatuagens fundiram os estilos da tatuagem oriental com as tradicionais tatuagens clássicas americanas. Tornou-se até hoje um dos maiores representantes da tatuagem moderna e difundiu o que hoje é chamado de estilo Old School.
O Old School sempre compôs a pasta de muitos tatuadores, mas depois dos anos 90, o Tribal, o New School, o Oriental e outros o deixaram meio de lado. Mas nos anos 2000 alguns tatuadores começaram a se arriscar novamente nesse estilo, mas com novas interpretações.
A chegada da tatuagem no Brasil
No Brasil, o precursor da tatuagem foi o dinamarquês Knud Harald Lucky Gegersen, conhecido como Mr. Tattoo, ou apenas Lucky. Lucky chegou no país em 1959 e montou em Santos o primeiro estúdio de tatuagem muito frequentado pela população portuária e em seguida por surfistas.
Entretanto, o surfista que deu fama positiva a tatuagem no brasil foi um garoto carioca, chamado de Petit, famoso pela música 'Menino do Rio' de Caetano Veloso. O sucesso da canção que vira um fenômeno na rádio e na televisão brasileira dá sucesso também as tatuagens dentro do mundo do surf e dos esportes.
Em 1975 Lucky teve uma matéria publicada no jornal “O Globo” que o considerou como o único tatuador profissional da América do Sul.
Pouco tempo depois, em 1980, a arquiteta Ana Velho abre um estúdio de tatuagem chamado Tropical Tattoo, no Rio de Janeiro situada estrategicamente na rua Visconde de Pirajá e atinge um grande público carioca de surfistas e esportistas cariocas. A partir disso foram montados muitos estúdios que fizeram a diferença em como a tatuagem é vista hoje no brasil, que é o caso de gente como Lúcio Tattoo - dono das lojas Banzai -, Caio Tattoo, Beto Tattoo e Carlinhos Tattoo, todos com estúdios consolidados no Rio de Janeiro e que continuam a popularizar a tatuagem na cidade até hoje.

A tatuagem como parte da identidade
Embora alguns autores vejam a tatuagem e o piercing
como nada mais do que acessórios de moda (CRAIK, 1994; TURNER, 1999), um dos atributos que as pessoas costumam valorizar em suas modificações corporais é o “ser diferente”, principalmente no caso da tatuagem, isso pode traduzir uma tentativa de acentuar a noção de auto-identidade (ATKINSON; YOUNG, 2001; SWEETMAN, 1999), além de configurar uma tentativa de atingir o domínio e
controle sobre o corpo.
(CARROLL; ANDERSON, 2002).
Tudo aquilo que chamamos de nosso, consciente ou inconscientemente, intencionalmente ou não, torna-se parte de nós mesmos, refletindo aspectos particulares e importantes de nossas identidades.
BELK, 1988). (Ayrosa e Oliveira, 2016)
"Tatuagem não é somente uma opção, estando em jogo atitudes e a apropriação simbólica na figura da pessoa tatuada, mais do que simplesmente um gostar de tatuagem, pois ele pode oferecer um status, marcar posição no grupo."(LEITÃO, 2000, p. 30).

